Tratada desde a campanha eleitoral como figura essencial na aprovação de ações, visitas e todo tipo de acesso ao presidente Lula, a primeira-dama Janja da Silva propôs vetar a presença de jornalistas no coquetel de posse no Itamaraty, no dia 1º de janeiro, mas foi convencida do contrário por outros integrantes do cerimonial e do estafe presidencial.
Janja argumentou que os convidados poderiam não se sentir à vontade e ficar constrangidos diante de profissionais de imprensa naquele ambiente. Foi então informada pela equipe de comunicação que jornalistas tradicionalmente comparecem a essa ocasião e que fechar-lhes as portas naquele momento seria pior, pois causaria péssima repercussão já na largada da nova gestão.
Havia cerca de 30 jornalistas confirmados para o coquetel quando Janja quis saber quem seriam eles e a para quais veículos trabalhavam. A coluna apurou que a primeira-dama expressou incômodo especialmente com o portal Metrópole e o jornal O Estado de S.Paulo.
Ainda durante a campanha, Lula se queixou publicamente, mas sem nominar o portal, de uma reportagem do Metrópole que vasculhou o lixo à porta de sua casa, em busca de informações sobre o custo dos vinhos consumidos pelo então candidato. Janja também teria se aborrecido com algumas das notas publicadas pelo mesmo Metrópole, na coluna de Léo Dias, sobre o seu casamento com Lula, em maio passado.
O mal-estar causado por Janja para o acesso da imprensa ao coquetel do Itamaraty não é fato isolado no comportamento da primeira-dama e tem exigido diplomacia extra de integrantes do governo para orientá-la nos trâmites do poder público e da comunicação, sem ameaçar sua autoridade.
F5 - Folha de São Paulo