Durante o mês de maio, Natal vem realizando encontros que visam atualizar os profissionais de saúde para atendimentos aos casos de esporotricose no município. A atualização acontece para os trabalhadores da USF Planície das Mangueiras, USF Soledade II, USF Felipe Camarão II e USF Pajuçara, unidades de referência para o acolhimento de pacientes humanos com suspeita da doença.
A esporotricose é uma zoonose causada por um fungo chamado Sporothrix, presente no meio ambiente, que acomete principalmente gatos, provocando lesões na pele e em outros órgãos. A doença pode ser transmitida para humanos por meio de mordidas, arranhões e lambidas dos felinos nas pessoas.
O objetivo dos encontros é atualizar os servidores sobre o fluxo relacionado às questões da esporotricose, tanto do tratamento da doença em humanos nas unidades de referência, como para qual local direcionar os animais doentes. “A esporotricose é uma doença tropical negligenciada, cujos casos simples em humanos podem ser tratados de forma segura na Atenção Primária à Saúde (APS). Por isso, o alinhamento dos fluxos de atendimento busca fortalecer a capacidade resolutiva da APS em Natal”, disse Aguinaldo Araújo, coordenador geral da Estratégia de Saúde da Família (ESF) da SMS Natal.
A médica infectologista do Instituto de Medicina Tropical do RN (IMT-RN) e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Eveline Pipolo, explica que a capacitação é importante para que os profissionais possam identificar sintomas da doença, pois eles podem se assemelhar aos de outras enfermidades. “A esporotricose no animal, no gato, é extremamente devastadora. Já no ser humano, a maioria das formas é leve. Como a gente sabe que os números de casos estão aumentando, é extremamente necessário capacitar os médicos das unidades básicas para tratar essa doença, porque ela, nas suas formas mais simples, que são a maioria dos casos, pode ser tratada nas unidades”, falou.
Em humanos, um dos principais sintomas são lesões nas mãos, braços, pernas e rostos, que podem começar com um pequeno caroço vermelho; além de feridas que aumentam de tamanho e podem causar nódulos enfileirados (geralmente dolorosos). Caso apresente algum desses sintomas, o usuário pode se dirigir a uma das unidades de referência para receber o atendimento, que são a USF Planície das Mangueiras, USF Soledade II, USF Felipe Camarão II e USF Pajuçara.
Para casos de suspeitas da doença em animais domésticos, deve-se notificar a Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). Dalila Gurgel, médica veterinária da unidade, reforça os sinais de alerta que devem ser observados nos felinos. “Normalmente, são casos de lesões graves ulcerativas que não cicatrizam, e apresentam sangramentos ou secreção na região da face do animal, especialmente no focinho e orelhas. Esse paciente deve ser observado, pois pode ser a doença fúngica chamada Esporotricose”, disse.
Dalila reforça que, no ano de 2025, foram realizados 245 exames citológicos para detecção da doença em gatos na unidade; desses, 135 apresentaram resultados positivos. “Nós temos um ambulatório técnico veterinário e conseguimos realizar uma avaliação, além dos exames e encaminhamentos que forem necessários, justamente para tentar fazer a identificação, o tratamento e bloqueio em relação à esporotricose”, enfatizou, reforçando que os exames são realizados de segunda a sexta, das 8h às 16h, na unidade.
Os encontros são desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) Natal, por meio do Departamento de Atenção Básica (DAB) e da Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ), em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP/RN) e com o Instituto de Medicina Tropical do RN (IMT-RN). A intenção é que, posteriormente, toda a rede seja capacitada para identificar os casos e realizar os acolhimentos dos usuários.