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politica

Lourival Sant'Anna: Lula trata um Brics cada vez mais autoritário como um movimento imaginário contra o capitalismo

Lula trata um Brics cada vez mais autoritário como um movimento imaginário contra o capitalismo
Bloco reúne ditaduras que violam a soberania de outros países, patrocinam o terrorismo, reprimem suas populações e adotam o protecionismo

A cúpula do Rio de Janeiro consolida o Brics como um bloco de ditaduras que violam a soberania de outros países, patrocinam o terrorismo, reprimem suas populações, adotam o protecionismo, fazem discursos e assinam comunicados contra todas essas práticas — com exceção de umas poucas democracias, entre elas, o Brasil, cujo governo acredita que sua participação reforça sua identidade ideológica como participante de um imaginário movimento contra o capitalismo.

A ideia de fazer parte de um grupo de potências regionais que, juntas, tivessem mais força para negociar com o G-7, as sete nações democráticas mais prósperas, poderia fazer sentido para o Brasil, se ele se unisse a países que cultivam os mesmos objetivos econômicos e aspirações democráticas, como a Austrália ou mesmo a Índia, a Indonésia, a África do Sul, que estão nos Brics, e a Malásia, que se tornou parceira do grupo.

Mas esse é um bloco liderado pela China e pela Rússia, que, na sua disputa por hegemonia com os Estados Unidos e a Europa, estão acolhendo no grupo o maior número possível de ditaduras repressivas, corruptas e impopulares.

Além de Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos, tornados membros efetivos no ano passado, essa cúpula acolheu também, como parceiros, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Nigéria, Tailândia, Vietnã, Uganda e Uzbequistão.

O resultado é visível no comunicado final, uma pregação sobre valores opostos àqueles praticados pela maioria dos signatários, combinada com uma moralidade seletiva e distorções da realidade para acomodar os interesses de todos esses violadores de soberanias e direitos humanos.

O comunicado já começa deixando clara a sua falta de conexão com a realidade dos países que o assinam: “Reafirmamos nosso compromisso com o espírito do Brics de respeito e compreensão mútuos, igualdade soberana, solidariedade, democracia, abertura, inclusão, colaboração e consenso”.

O texto reitera o compromisso dos membros “com a reforma e com o aprimoramento da governança global, por meio da promoção de um sistema internacional e multilateral mais justo, equitativo, ágil, eficaz, eficiente, responsivo, representativo, legítimo, democrático e responsável, no espírito de ampla consulta, contribuição conjunta e benefícios compartilhados”.
China e Rússia, ao lado dos Estados Unidos, são os países que mais sabotam uma governança desse tipo. Os três usam seu poder de veto para bloquear sistematicamente resoluções no Conselho de Segurança baseadas na lei internacional e na Carta da ONU, condenando Israel pelas atrocidades contra os palestinos e a Rússia contra os ucranianos, além do patrocínio iraniano ao terrorismo.

A Ucrânia está há 1.229 dias sob bombardeios cotidianos da Rússia, que ocupa 20% de seu território, numa guerra de escolha de Vladimir Putin para se perpetuar no Kremlin, que ocupa há 25 anos. Os alvos preferenciais desses bombardeios são civis, distantes do front, e portanto sem justificativa militar.

O comunicado não faz referência  a isso e “condena nos termos mais fortes os ataques contra pontes e infraestrutura ferroviária que visaram deliberadamente civis nas regiões de Bryansk, Kursk e Voronezh, na Federação Russa, em 31 de maio e 1º e 5 de junho de 2025, resultando em várias vítimas civis, incluindo crianças”.

Apesar da insistência do presidente Lula, que desejava fervorosamente que seu amigo Putin viesse “prestigiar” a cúpula do Rio, o ditador russo não quis arriscar ser preso, diante do mandado do Tribunal Penal Internacional, pelo sequestro de milhares de crianças ucranianas. Putin parece confiar mais do que Lula na independência da Justiça brasileira, obrigada pela Constituição e pelo Tratado de Roma a cumprir a ordem de prisão.

“Expressamos nossa firme condenação a quaisquer atos de terrorismo, considerados criminosos e injustificáveis, independentemente de sua motivação, quando, onde e por quem quer que os tenha cometido”, diz o documento, firmado pelo Irã, patrocinador do Hamas, Jihad Islâmica Palestina, Hezbollah, houthis e milícias xiitas no Iraque e na Síria.

Em sua moralidade seletiva, o texto condena ainda “a violência generalizada perpetrada em várias províncias da Síria, entre as comunidades do país, a continuação das atividades terroristas do Estado Islâmico (Da’esh) e afiliados da Al-Qaeda na Síria”, grupos sunitas que se opõem ao domínio da minoria xiita apoiada pelo Irã.

O Brics defende a solução de dois Estados, ao longo de décadas solapada por Israel, que desde 1967 ocupa ilegalmente Jerusalém Oriental, a Cisjordânia e agora, de novo, a Faixa de Gaza, que havia devolvido aos palestinos em 2005. Entretanto, a violência dos grupos financiados pelo Irã, que não reconhece o Estado de Israel, tem servido de justificativa para sucessivos governos israelenses expandirem a colonização da Cisjordânia e brutalizar os palestinos.

O comunicado condena o protecionismo promovido pelas tarifas impostas por Donald Trump, sem citar nominalmente o presidente americano. De fato, essas tarifas ferem acordos internacionais e causam distorções no comércio. Entretanto, o Brics reúne os países mais protecionistas do mundo, e as tarifas de Trump são em parte uma resposta às suas práticas comerciais.

A Rússia ocupa o primeiro lugar no Índice de Barreiras Comerciais (TBI), elaborado pela Fundação Tholos, sediada em Washington, com base nos dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), Banco Mundial, Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Banco de Dados Global de Restrições ao Comércio

Em segundo lugar vem a Índia, seguida dos Estados Unidos e da China. O Brasil está em 22.º lugar, com tarifas alfandegárias médias de 11%. A média das tarifas dos EUA, antes da guerra comercial lançada este ano por Trump, era de 2,5%; a da União Europeia, de 4% e a da OCDE, de 5%.

O Brasil tem uma oportunidade histórica de se tornar uma nação avançada, se abrir o seu comércio, organizar o seu regime tributário, seu ambiente de negócios e seu sistema de educação, para agregar inovação aos seus ativos ambientais e energéticos. O País tem o que o mundo mais precisa: florestas que sequestram gases do efeito estufa e contribuem para a umidade e o equilíbrio térmico do planeta; agricultura regenerativa de alta produtividade, que produz alimentos enquanto remove carbono da atmosfera; fontes renováveis de energia; água potável e os conhecimentos dos povos da floresta.

Para aproveitar essa oportunidade, o Brasil precisa se libertar de visões de mundo ultrapassadas, de ressentimentos anticolonialistas e, acima de tudo, do populismo, que se alimenta dessas emoções.

Lourival Sant'Anna - Estadão

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