Bernardo Mello Franco: Após tropeços e crises, Lula tenta segurar a própria língua

25/04/2024 às 06:10


Após tropeços e crises, Lula tenta segurar a própria língua

ANTES DE VOTAÇÃO DECISIVA, PRESIDENTE ADOTA CAUTELA INCOMUM EM CAFÉ COM JORNALISTAS

Depois de muitos tropeços, Lula ensaia um esforço para segurar a própria língua. “Às vezes, uma palavra mal colocada cria uma semana de especulação”, justificou ontem, em café com jornalistas.

Na véspera da sessão do Congresso que pode derrubar seus últimos vetos, o presidente exibiu uma cautela incomum. Parecia tão preocupado em não cometer deslizes que passou uma hora e meia na defensiva. Evitou improvisos e suspendeu as críticas rotineiras à Câmara, ao Banco Central e à Petrobras.

“A Petrobras nunca teve crise”, despistou, após quase demitir o presidente da estatal, Jean Paul Prates. “Sinceramente, não acho que a gente tenha problema no Congresso”, rodeou, após mais uma temporada de atritos com Arthur Lira.

Questionado sobre o encontro fora da agenda com o chefão da Câmara, Lula tentou driblar o assunto: “Não tive uma reunião com Lira, tive uma conversa com o Lira. É diferente de uma reunião, tá?”. Os repórteres insistiram, mas ele continuou na esquiva: “Foi uma conversa entre dois seres humanos. Eu não sou obrigado a dizer”.

Empenhado em manter o clima de paz e amor, o petista poupou até o presidente do Banco Central, a quem costuma criticar pelos juros nas alturas. “Quem já conviveu com o Roberto Campos um ano e quatro meses não tem nenhum problema de conviver mais seis meses”, gracejou.

Ele também buscou disfarçar a irritação com os servidores em greve (“o pessoal estava muito reprimido”) e com os parlamentares que ameaçam derrubar seus últimos vetos (“faz parte do jogo político”).

Lula levou o novo figurino tão a sério que não quis chutar nem as bolas que chegaram quicando. Acredita que Sergio Moro será cassado? “Prefiro não dar palpite”, desconversou. Como vê o retorno de Eduardo Cunha à cena política? “Acho normal”, escapuliu.

Os jornalistas fizeram o possível, mas o entrevistado deixou claro que não estava a fim de gerar notícia. “É preciso que a gente pense o que vai falar, porque tudo o que a gente falar pode virar manchete”, explicou, antes do primeiro gole de café.

Bernardo Mello Franco - O Globo

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