Tem algo que unem a aristocracia deslumbrada de Pirangi e a Burguesia Falida de Muriu, o jeito de servir os tira-gosto de ricos. O restante das praias servem tira-gosto de pobres.
Nunca chegue numa casa de rico com fome, isso é um pecado. Rico serve coisas secas. Primeiro vem castanha e amendoim, depois uns frios, gostam de empanados com excesso de farinha panko, os camarões são bonitos, porém sem molho rosé. Depois vem aqueles dadinhos de tapioca com geleia, é uma tristeza. Chega o pistache. Servem vinhos com história da colheita, região, safra. E seu bucho vazio. No Almoço servem grelhados, um peixe no forno para comer com batata e arroz branco, tudo seco. No máximo aparece uma geleia de pimenta. Parece que vivem de dieta. Durante o almoço conversam a respeito de viagens à Europa, dos relógios de U$ 30 mil e você voando, conhece apenas a Disney.
Em Búzios, Tabatinga, Cotovelo e Tibau são praias de gente sem dinheiro, mas a comida é melhor. Eles servem ensopado de caranguejo, picado, caldo de feijão com torresmo, a tapioca vem com ginga. Pobre gosta de comida molhada, o polvo vem ensopado, o filet tem muito molho, a peixada é com pirão, tem arroz com graxa de galinha. Usam limão e pimenta daquelas de arrombar a boca e dois dias depois, na hora da saída do alimento queima o bumbum. Tudo harmonizado com cerveja estupidamente gelada, daquelas mofadas.
Rico gosta de cordeiro, leitão e risoto sem molho e em pequenas quantidades. O pobre come carneiro, porco e arroz em abundância. Outra moda agora é no rico o prato chegar pronto, tipo PF, assinado por um chef. Ainda prefiro a bagunça de fazer o próprio prato cheio de comida.