Padres brasileiros que estão informados sobre os bastidores do conclave para a escolha do novo papa, que começa nesta quarta (7), apostam que pode dar zebra. E uma zebra brasileira.
O nome apontado à coluna por um deles como uma possibilidade para a qual poucos estão dando atenção é o de João Braz de Aviz, ex-arcebispo de Maringá (PR) e de Brasília.
Aviz era um dos cardeais mais próximos do papa Francisco, e os dois chegavam a assistir juntos a partidas de futebol no Vaticano.
Da linha progressista da igreja, ele chegou a figurar entre os cotados para papa no conclave de 2013, mas o escolhido foi Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco.
Neste ano, dom Aviz voltou a aparecer na lista de "papáveis", mas nunca foi considerado um dos favoritos. Por isso sua escolha seria uma surpresa —ainda mais porque ele é latino-americano, e desta vez a escolha não recairia sobre alguém do continente.
Quando o papa Francisco foi eleito, ele já era o prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Ao completar 75 anos, em 2023, ele teria que renunciar ao cargo, mas o papa Francisco decidiu mantê-lo nas funções por mais dois anos.
Em 2025, Francisco nomeou para seu lugar a irmã Simona Brambilla, a primeira mulher a assumir um alto posto da Cúria.
As apostas de religiosos brasileiros recaem sobre dom Aziz porque ele, em primeiro lugar, conheceria a Cúria como se fosse a sua própria casa, e melhor do que muitos dos cardeais que são agora apontados como favoritos no conclave.
Como a sombra do papa Francisco, nessa mesma análise, vai pairar por muitos anos sobre a Igreja Católica, mas enfrenta resistência da ala conservadora, ele seria o nome certo para manter o legado do pontífice —sem promover novos avanços.
"Dom João Braz de Aviz administraria o que agora existe e abriria caminho para uma transição, na visão dos conservadores. Com isso, o próximo papa poderia ser um 'mão pesada'", diz o mesmo religioso.
Monica Bergamo - Folha de São Paulo