Petistas que integram o primeiro escalão do governo Lula, incluindo nomes com gabinete no Palácio do Planalto, sofreram reveses nas eleições feitas pelo PT para seus diretórios estaduais.
O partido realizou as votações para seus cargos de direção no último domingo (6). O escolhido para ser presidente nacional da legenda foi o favorito de Lula, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro do governo de Dilma Rousseff (PT).
Na disputa dos estados, os candidatos de Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e Anielle Franco (Igualdade Racial) foram derrotados no primeiro turno nas disputas pelos diretórios estaduais.
O candidato defendido por Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) para o comando do PT paranaense foi para o segundo turno, mas com desvantagem em relação ao adversário.
Apesar de a definição do novo comando nacional da sigla ter se dado por ampla maioria, a eleição foi marcada por divisões internas e disputas de poder que deixaram em lados opostos expoentes da sigla nos estados.
Márcio Macêdo apoiou a candidatura de Cássio Murilo para a presidência do diretório petista em Sergipe. O vencedor foi o senador Rogério Carvalho, com quem Macêdo tem diversas disputas de poder local.
Aliados do ministro dizem que ele não participou da campanha por causa de suas atribuições como ministro em Brasília. Segundo eles, o grupo político de Macêdo teria entrado na disputa apenas para marcar posição e obter votos para a eleição proporcional, que distribui os demais cargos na estrutura partidária.
No Rio, Anielle Franco apoiou a candidatura do deputado federal Reimont. O eleito para a presidência do diretório do PT fluminense, porém, foi Diego Zeidan, filho do prefeito de Maricá, Washington Quaquá.
A ministra disse à reportagem que apoiava o candidato ao lado de outros nomes importantes da sigla, como o líder da bancada da sigla na Câmara, Lindbergh Farias, a deputada federal Benedita da Silva e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano.
"Vitória e derrota fazem parte! É da vida!", disse ela à reportagem.
O candidato apoiado por Gleisi para a presidência do diretório paranaense do PT, o deputado estadual Arilson Chiorato, não perdeu a eleição, mas foi para o segundo turno em desvantagem. Ele ficou atrás do deputado Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu.
Chiorato foi assessor de Gleisi e é o atual presidente do partido no estado. Além da ministra, ele conta com o apoio do presidente de Itaipu Binacional, Ênio Verri.
Zeca Dirceu quer disputar uma vaga no Senado. Ser presidente do partido no estado poderia dar a ele poderes que praticamente garantiriam a possibilidade de se candidatar ao cargo.
Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, não sofreu uma derrota direta, mas seu grupo político mais próximo ficou fora da presidência do PT da Bahia. Os petistas baianos elegeram Tássio Brito para o cargo.
Tássio é de uma ala minoritária do partido, mas teve o apoio do senador e ex-governador Jaques Wagner. Rui Costa não fez campanha. Parte de seu grupo político, porém, apoiou o nome de Jonas Paulo para o comando do partido no estado.
Aliados afirmam que Costa até cogitou lançar um candidato, mas não levou a ideia adiante. Ao longo da campanha, o silêncio do ministro passou a ser entendido como uma aceitação do nome de Tássio Brito.
Vitórias em outros estados
Outros ministros do governo Lula conseguiram eleger nomes de suas preferências nas disputa travadas no último domingo.
O ministro da Educação, Camilo Santana, em aliança com o líder do governo na Câmara, José Guimarães, e com o governador do Ceará, Elmano de Freitas, conseguiu reeleger Antônio Filho, conhecido como Conin, para o comando do diretório estadual do PT.
No Piauí, o candidato vencedor foi Fábio Novo. Ele teve o apoio tanto do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, como do governador Rafael Fonteles.
Os quatro ministros petistas de São Paulo, Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) apoiaram a reeleição de Kiko Celeguim para a presidência do diretório paulista. Ele venceu a disputa e permanecerá à frente do partido no estado.
Folha de São Paulo