Após meses de provocações e discursos duros, presidente brasileiro vê relação com Washington ruir em meio a guerra comercial e isolamento diplomático crescente
A crise entre Brasil e Estados Unidos, intensificada com a imposição de tarifas de até 50% por parte do governo norte-americano, não veio sem avisos. Ao longo de meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma postura confrontadora em relação a Washington, especialmente ao presidente Donald Trump.
Lula acumulou uma série de falas e gestos que acirraram o clima. Em discursos internacionais, não poupou críticas ao que chamou de “imperialismo americano”, adotou abertamente posições alinhadas a regimes como Irã, China, Venezuela e Coreia do Norte, e, mais recentemente, se posicionou de forma polêmica ao não condenar os ataques do Hamas contra civis israelenses, o que causou desconforto entre aliados históricos do Brasil no Ocidente.
Ao se afastar de forma deliberada do eixo tradicional das democracias liberais, Lula buscava reforçar sua liderança entre países do chamado Sul Global. Mas a estratégia, que pode render dividendos em fóruns como o G7 ou os BRICS, cobrou um preço alto em termos de comércio exterior e diplomacia.
Trump, conhecido por sua retórica agressiva, respondeu com medidas duras. As tarifas aplicadas a produtos brasileiros, especialmente do agronegócio, foram justificadas por “práticas desleais” e “alinhamento do Brasil com inimigos da liberdade”, segundo declarou o republicano.
A retaliação americana expõe os limites da atual política externa brasileira, que tenta equilibrar independência diplomática e interesses comerciais em um cenário global cada vez mais polarizado. No Planalto, o discurso ainda é de que o Brasil “não se ajoelha”, mas nos bastidores há preocupação com o impacto econômico e o isolamento político crescente.
Analistas avaliam que Lula, ao mirar uma liderança simbólica global, pode ter subestimado as consequências práticas de romper com os Estados Unidos, ainda o maior parceiro comercial do planeta e potência militar incontornável.
A crise atual é, em grande medida, fruto de uma escolha deliberada do governo brasileiro. Resta saber se haverá recuo, negociação ou uma escalada que pode custar caro ao país.
Petistas não podem nem reclamar de taxas. Adoram elas.